quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Aracnofobia

Teces-me, como aranha que
gira e roda à volta da sua teia
na tentativa de encontrar...
Perfeição.
então eu rasgo-me com as unhas em sangue.
Já é tempo de não ser quem queres
já é espaço suficiente aquele que te ofereci.
Parecem agulhas.
agulhas envoltas na suavidade daquilo que nunca foste
naquilo que fiz de ti
"hoje sou melhor porque te conheci"
Eu sei.
Fiz de ti parte do que és
na tentativa de não te tornares nessa
viúva negra que apenas tece
e tece novamente essa mesma teia vezes sem conta.
Agora cais na tua própria armadilha
Eu não fiquei para ver.
Estava demasiado rasgada.
Fui eu quem te largou
Mais que terminares eu pus um fim
com as minhas unhas em sangue.
Não fiquei para ver.
Hoje as unhas não sangram
Não preciso rasgar-me mais
A pouco as feridas saram
A punho o tempo não dói
A tua teia não me reveste
Já não sou presa
e as aranhas já não me metem medo.

Segredos

Quando as vontades abundam
e brotam frivolamente livres
do peito que queremos guardar
soltam-se as incertezas de um
querer não definido
misturado nessa dúbia forma de estar
perguntam-se em tom de movimento
os quereres do corpo
e pulsa da vulva a vontade de gritar
É um impetuoso querer orgásmico
que salta de todos os poros e culmina
culmina no silêncio interrupto
que passa de um corpo para o outro
como mágica, ou bruxaria
essa poção brota assim  dessa fonte incansável
perde-se a noção do desejo
e já só o continuo envolvimento predomina
Esfregam-se na cara os proveitos próprios
emana pelo meio dessas pernas o fervor da vontade própria
o escuro passa a ser cor
a exploração completa-se na totalidade do corpo.
Queres?
Quero! Da-me! Penetra, como, toca e...
Contorce-me
Naquele pedaço de tecido esticado no chão.