sábado, 21 de fevereiro de 2015

Circulação

Frivolas as noites que não nos aconchegam.
Parece o sangue que escorreu um dia na parede do meu quarto
matas-me devagarinho com a tua presença.
Estas ali e não és a carne que faz de ti o meu tu.
Estas ali e não é comigo que te encontras.
Sai então a aúrea que me envolve a cabeça,
o pensamento dói,
escorre pelas mãos em forma de linfa misturada,
são os restos do que na nossa circulação passou,
Partilhámos aorta e quem sabe veias cavas foram nossas,
hoje apenas os capilares linfático fingem unir-nos
com estes restos, com isto que sobra da absorção
daquilo que um dia foi importante.
Que nada mais tenha eu para oferecer,
para que não mais sangue escorra nesta parede.
Que se acabem os assassinatos daquilo que nem tu nem eu
sabemos o que foi