terça-feira, 15 de julho de 2014

Entristecem-se os tempos
Nos espaços contidos
No desabrochar da hemácia que espreita.
Passa-se o gume quente de atrito
Rasgando do centro para a ponta
E ela salta
Aquece pedindo mais caminho
E mais um pouco
Contendo a fome
Juntas a vontade de comer
E ficas
Com a imobilidade escondida no corpo que ai deixa abrir
Rasgar soar ao som de algo que foste
É ferida contundente aquela que aqui fica
A que és, escolho tecer
Substituo as veias
Por estes veios de coisa nenhuma
Com o caudal que eu escolha cravar.
Já só escrevo para não te fazer
Não te tocar
Cravem-se em sonhos de infinitas memórias então
Fiquem-se para que eu não seja.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

"Dead combo'

Oico-te no som de cada corda
Lembro-te no acorde em contratempo
Pois foi o que restou
Um acorde em contra tempo de uma
Harmonia que um dia fora...
Quadra puxada
Tónica que faz sentir
Ressoa a acústica dentro
Deste coração magoado
Corarao esse que regenera
Na tentativa de relembrar o que foi
Tal qual se relembra
E usa
E abusa
Daquele acorde à Freddy green
Que tao bem soava
Mesmo no momento descompassado
Em que a melodia deixou de fazer sentido.
O tema acabou
O Chasez já passaram
Já demos duas voltas de 8 compassos
Agora ninguém tem voz.
Nem som
Nem amplificador que faça sentido.
Agora...
A música é outra.

Há corvos atrás da minha casa

Há corvos atrás da minha casa
E eles grasnam à lua cinzenta
Que é apagada pelo sol que nasce.
Há corvos atrás da minha casa
E a putrefacção passa-lhes por cima
Da cabeça de penas pretas
Onde aguardam o momento de se alimentarem...
De escuridão.
Eles sabem que nem o alento
Nem o desassossego
Muda a divina conveniência da cadeia alimentar
Há corvos atrás da minha casa
E eles esperam
Grasnando na paz que me desola o espírito.
Há corvos. Há corvos
E eles não largam
Ou não deixam largar
Pois o saber fétido da desamargura
É o que mais lhes faz sentido.
Ali estão,
A espera...
Do momento certo
E apenas desse para quando
A capacidade de transformar a carne em espírito nos afogue
E aí sim
A atacam sem dó nem piedade.
Depois ficam as penas
Pretas d e escuridão para nos fazer lembrar de que um dia ali estiveram.
Há espaço atrás da minha casa
Os corvos?!
Nem vê-los...

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sense

Quero fugir-me de espaços
Deleitar-me de tempos
Ungir-me de esperanças fétidas
Que caem na incerteza de tudo o que não é.
Deixar-me então cair nesse buraco moribundo de terra sem chão.
Sonhar o céu
Perder o mar
E ficar assim na concavidade ad eternum
Para que a pergunta se multiplique
Ecoe.
E por fim se deixe desdenhar nas características que procuramos um dia...