Na volúvel ansiedade mórbida do ser
Cumpabilizam-se aqueles que...
Por momentos ineterruptos deixamos de ter.
Fossa lá junto da inexistência
As coisas que um dia tememos
Percebemos então a diferença na intensidade
E perdemos a pouco e pouca a...
Intencionalidade.
Julgam-se reis aqueles que por aqui nunca passsaram
Imperadores do impróprio consumo humano
Sabem-se lá ser gentes
Quando nem a sequência sentimental permitem atingir.
Aborrecem-me no fundo.
Por não entenderem, não chegarem ao ponto onde espero que estejam
Selem-se os tempos em eufemismos baratos
Para que brote das flores que não nasceram as essências que não tiveram.
No fundo.
No fim.
Somos apenas isto. Bonecos num tabuleiro de xadrez
Velho, gasto e empoeirado.
Miscelânia de Vida
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Barriga cheia
sábado, 21 de fevereiro de 2015
Circulação
Frivolas as noites que não nos aconchegam.
Parece o sangue que escorreu um dia na parede do meu quarto
matas-me devagarinho com a tua presença.
Estas ali e não és a carne que faz de ti o meu tu.
Estas ali e não é comigo que te encontras.
Sai então a aúrea que me envolve a cabeça,
o pensamento dói,
escorre pelas mãos em forma de linfa misturada,
são os restos do que na nossa circulação passou,
Partilhámos aorta e quem sabe veias cavas foram nossas,
hoje apenas os capilares linfático fingem unir-nos
com estes restos, com isto que sobra da absorção
daquilo que um dia foi importante.
Que nada mais tenha eu para oferecer,
para que não mais sangue escorra nesta parede.
Que se acabem os assassinatos daquilo que nem tu nem eu
sabemos o que foi
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Terminus abruptus
Desmanchando as caixas de nada.
Com nada fico e mais um pouco.
Por tanto querer fingir dar conta de um tempo que... De cheio quis que fosse vazio.
Terminus abruptus
Neste tempo urgit
dói e do era! Por mais quanto tempo?
Já se fez em nada o que já não era
O que tinha de ser
Desmancham-se as saudades que terei um dia,
Nesta vontade de não apartar
Porque se fazem parcas as palavras de um doer em não gostar
Desfiz o nó mas o enforcado já estava morto.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Aracnofobia
gira e roda à volta da sua teia
na tentativa de encontrar...
Perfeição.
então eu rasgo-me com as unhas em sangue.
Já é tempo de não ser quem queres
já é espaço suficiente aquele que te ofereci.
Parecem agulhas.
agulhas envoltas na suavidade daquilo que nunca foste
naquilo que fiz de ti
"hoje sou melhor porque te conheci"
Eu sei.
Fiz de ti parte do que és
na tentativa de não te tornares nessa
viúva negra que apenas tece
e tece novamente essa mesma teia vezes sem conta.
Agora cais na tua própria armadilha
Eu não fiquei para ver.
Estava demasiado rasgada.
Fui eu quem te largou
Mais que terminares eu pus um fim
com as minhas unhas em sangue.
Não fiquei para ver.
Hoje as unhas não sangram
Não preciso rasgar-me mais
A pouco as feridas saram
A punho o tempo não dói
A tua teia não me reveste
Já não sou presa
e as aranhas já não me metem medo.
Segredos
e brotam frivolamente livres
do peito que queremos guardar
soltam-se as incertezas de um
querer não definido
misturado nessa dúbia forma de estar
perguntam-se em tom de movimento
os quereres do corpo
e pulsa da vulva a vontade de gritar
É um impetuoso querer orgásmico
que salta de todos os poros e culmina
culmina no silêncio interrupto
que passa de um corpo para o outro
como mágica, ou bruxaria
essa poção brota assim dessa fonte incansável
perde-se a noção do desejo
e já só o continuo envolvimento predomina
Esfregam-se na cara os proveitos próprios
emana pelo meio dessas pernas o fervor da vontade própria
o escuro passa a ser cor
a exploração completa-se na totalidade do corpo.
Queres?
Quero! Da-me! Penetra, como, toca e...
Contorce-me
Naquele pedaço de tecido esticado no chão.
domingo, 31 de agosto de 2014
Lisboa
Lisboa tem só o teu cheiro
Entranhado nos jardins que me escorrem pelos olhos
Lisboa já é pouco
Já perdeu o toque da saudade
Já largou o sonho do desejo
O Tejo já fez por se esquecer
E a calçada que tanto por nós passou debaixo dos pés
Hoje esquece-se do teu toque.
A cidade condoi-se comigo
Para esquecer
Ou fingir esquecer
Que a cidade te pertence.
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
...
Não tenho água.
Nem tenho sede.
Tenho-te apenas ainda nas mil e uma papilas gustativas do meu corpo.
terça-feira, 15 de julho de 2014
Entristecem-se os tempos
Nos espaços contidos
No desabrochar da hemácia que espreita.
Passa-se o gume quente de atrito
Rasgando do centro para a ponta
E ela salta
Aquece pedindo mais caminho
E mais um pouco
Contendo a fome
Juntas a vontade de comer
E ficas
Com a imobilidade escondida no corpo que ai deixa abrir
Rasgar soar ao som de algo que foste
É ferida contundente aquela que aqui fica
A que és, escolho tecer
Substituo as veias
Por estes veios de coisa nenhuma
Com o caudal que eu escolha cravar.
Já só escrevo para não te fazer
Não te tocar
Cravem-se em sonhos de infinitas memórias então
Fiquem-se para que eu não seja.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
"Dead combo'
Oico-te no som de cada corda
Lembro-te no acorde em contratempo
Pois foi o que restou
Um acorde em contra tempo de uma
Harmonia que um dia fora...
Quadra puxada
Tónica que faz sentir
Ressoa a acústica dentro
Deste coração magoado
Corarao esse que regenera
Na tentativa de relembrar o que foi
Tal qual se relembra
E usa
E abusa
Daquele acorde à Freddy green
Que tao bem soava
Mesmo no momento descompassado
Em que a melodia deixou de fazer sentido.
O tema acabou
O Chasez já passaram
Já demos duas voltas de 8 compassos
Agora ninguém tem voz.
Nem som
Nem amplificador que faça sentido.
Agora...
A música é outra.
Há corvos atrás da minha casa
Há corvos atrás da minha casa
E eles grasnam à lua cinzenta
Que é apagada pelo sol que nasce.
Há corvos atrás da minha casa
E a putrefacção passa-lhes por cima
Da cabeça de penas pretas
Onde aguardam o momento de se alimentarem...
De escuridão.
Eles sabem que nem o alento
Nem o desassossego
Muda a divina conveniência da cadeia alimentar
Há corvos atrás da minha casa
E eles esperam
Grasnando na paz que me desola o espírito.
Há corvos. Há corvos
E eles não largam
Ou não deixam largar
Pois o saber fétido da desamargura
É o que mais lhes faz sentido.
Ali estão,
A espera...
Do momento certo
E apenas desse para quando
A capacidade de transformar a carne em espírito nos afogue
E aí sim
A atacam sem dó nem piedade.
Depois ficam as penas
Pretas d e escuridão para nos fazer lembrar de que um dia ali estiveram.
Há espaço atrás da minha casa
Os corvos?!
Nem vê-los...
quarta-feira, 2 de julho de 2014
Sense
Quero fugir-me de espaços
Deleitar-me de tempos
Ungir-me de esperanças fétidas
Que caem na incerteza de tudo o que não é.
Deixar-me então cair nesse buraco moribundo de terra sem chão.
Sonhar o céu
Perder o mar
E ficar assim na concavidade ad eternum
Para que a pergunta se multiplique
Ecoe.
E por fim se deixe desdenhar nas características que procuramos um dia...
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Explorei os sentidos que me deste
Com luvas de cetim,
Uma mascara
E o cabelo apanhado.
Teria de ser um crime sem vitimas,
Sem testemunhas,
Sem provas.
Escondi-me na verdade da palavra que foi então assassinada.
Procurei o culpado,
Exigi a explicação da vida e da moral,
Esqueci o tempo.
Um crime como este é mais forte,
Mais duro
Devia ter a testemunha da verdade falhada
Ou a incerteza deste acto que deixei de pé.
Tento segurar-me na insegurança das marca que se foram cravando.
Nos espinhos que foram tornando duro
Pedra.
Fóssil.
Permaneci no sossego desassossegado da alma.
Escolhi dizer
Digo?
Ouviste?
É que quando o silencio encerra a rocha do ser
Temos de deixar o rio com a sua agua passar
E pelo menos fingir que no fim...
Só no fim, o espírito sairá lavado.
Sente-se a brisa de cada pedaço que não passou
No toque cruel do vento que não sabemos sentir quieto.
Levanta-se a quietude do nervosismo da alma,
E,
Num segundo se perde o medo.
Aquele que ganhamos por querer ter um acto de coragem consentido.
Fugimos a sete pés,
Com esse infame vento debaixo das asas
Que ora nos Vaz avançar
Ora cria um recuo que não temos força para controlar.